quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pagar a pegada

Já todos nós ouvimos (pelo menos os que se interessam pelo ambiente e viram, entre outros documentários, Uma Verdade Inconveniente de Al Gore) da pegada que cada um deixa no Planeta devido às emissões de carbono. Quem anda de avião regularmente deixa uma pegada ainda maior. O que nunca tinha ouvido falar era da possibilidade de se pagar essa pegada.

Mas o que significa isto de pagar a pegada? Bem, existem organizações que se dedicam a projectos para tirar o carbono da atmosfera através da reflorestação ou outros métodos, como o financiamento da substituição de geradores a diesel por outros mais ecológicos. Assim, quem estiver interessado paga o equivalente ao carbono que ajuda a emitir para a atmosfera em cada ano e esse dinheiro é empregue para combater a poluição atmosferica e o aquecimento global.



E, perguntam vocês e muito bem, onde é que eu fui buscar isto? Bem, estava numa das minhas interminaveis sessões de espera por transportes públicos e resolvi comprar a Visão para me pôr a par das notícias desta semana. E lá estava, na página 20, uma entrevista muito interessante com um senhor chamado Achim Steiner (por favor ignorar as possiveis piadas com o nome próprio do homem que o assunto é sério), que é desde o ano passado o director executivo do Programa da ONU para o Ambiente. Confesso que não fazia ideia da existência deste alemão que já teve vários cargos importantes a nível internacional par a protecção ambiental. Não sei como é que deixei escapar isto mas não se pode conhecer toda a gente e até o meu ócio é limitado. No entanto, bastaram-me dez minutos para ficar a conhecer superficialmente o senhor e a gostar das suas opiniões sobre o ambiente. Talvez venha a descobrir que é mais um caso de "olha para o que eu digo, não para o que eu faço", como um certo prémio nobel que se diz gastar demasiado em electicidade enquanto apregoa a necessidade de proteger o ambiente. Mas, por enquanto, Herr Steiner merece a minha admiração.



Não só paga fortunas para contrariar as emissões de carbono causadas pelas suas deslocções aéreas como percebe bem "o negócio". E por negócio refiro-me à necessidade de nos abstrairmos dos ideais utópicos de um mundo justo e percebermos que os lucros são o motor que faz girar o mundo. E usar isso para beneficio das causas pelas quais se luta.



Por exemplo, a jornalista pergunta na entrevista que já referi, se não é um pouco injusto os países ricos comprarem uns aos outros quotas de carbono, o "direito de poluir". E a resposta do senhor é digna de um aplauso:



"Se tomarmos pelo lado negativo, sim. Os países podem comprar o direito de poluir, como eu o de voar. Mas a realidade actual é continuar tudo na mesma ou encontrar estratégias para mudar a realidade. Esse mecanismo assenta nisto: é irrelevante onde se tira carbono da atmosfera, se no Chile ou na China. Interessa é o todo, e pode sair mais barato fazê-lo nos países menos desenvolvidos, por ser mais fácil introduzir novas tecnologias ou plantar florestas."


Vêem o que eu dizia? Visão de negócio. Porque é essa a ideia principal, fica mais barato e o resultado é identico. O planeta como todo não se interessa se estamos divididos em países, continentes, regiões. A diminuição da camada de ozono afecta todos por igual, o efeito de estufa é uma realidade, o aquecimento global e o derretimento das calotas polares não vão acontecer, estão a acontecer.

E ainda que não seja uma boa solução a longo prazo, pela sua insuficiência, é necessária esta atitude de tentar contrariar os efeitos das emissões de carbono para a atmosfera. Admiro o facto de haver gente disposta a pagar pelos estragos que faz ao ambiente. Eu não ando de avião, nunca andei, não sei se algum dia vou andar regularmente. Mas uma coisa é certa, se tiver possibilidade de tentar dar algo em troca, pelo que as minhas acções tiram à natureza, podem crer que o vou fazer. Não porque é bonito ou porque parece bem, mas porque quero que os meus filhos e netos possam um dia passear na baixa de Lisboa a pé e não com fatos de mergulho. Porque infelizmente não vou poder ver ao vivo e a cores o topo cheio de neve do Kilimanjaro. Por tantos motivos que não vale a pena enumerar.



Às vezes esqueço-me que estas coisas são realidade, que estão a acontecer aqui e agora. No nosso tempo. E tenho medo que já não tenhamos tempo para inverter todo o mal que fizemos ao nosso planeta. E digo nós porque sei que também tenho culpa no cartório: fumo, desperdiço água sabendo que só existe 0,5% de água potável no planeta, enfim, há muita coisa que tenho de mudar também em mim. Só mudando as nossas atitudes podemos mudar o que se passa no nosso planeta.









(Couch)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Uma fita rosa ao peito



Há realidades que não devem nem podem ser ignoradas por muito que se tente. Todos nós gostamos de ver o mundo através de um filtro cor-de-rosa para que tudo pareça mais bonito, mais pacífico e os problemas reais que afectam as pessoas reais pareçam distantes e menos tangíveis. Eu gostaria de poder ignorar, mas apesar do filtro cor-de-rosa os problemas existem. Não nos serve de nada chatearmo-nos com coisas que não podemos mudar. Há muita coisa que eu gostaria de mudar neste mundo mas não tenho poder para isso. E os que o têm... bem, estão ocupados demais a usá-lo para outras coisas.

Uma dessas realidades horríveis, sobre a qual pensei que não podia fazer nada é o cancro da mama. Não sou médica, nem cientista, não nado em rios de dinheiro para que possa pagar tratamentos ou exames preventivos às centenas de mulheres que morrem de cancro por não o detectarem a tempo. Por isso achei que era mais uma das situações em que me revoltava sozinha contra as injustiças e permanecia de mãos atadas sem poder fazer absolutamente, rigorosamente, nada.

E depois chegou-me um e-mail curioso, com um link, e eu fui calhandrar. E descobri que até eu, da inutilidade da minha posição neste mundo posso fazer algo para ajudar. Não com donativos, ainda que essa seja uma hipótese, mas com apenas um click do rato. Talvez não ajude a D. Ana ao fundo da rua, ou a senhora Alzira da mercearia. Talvez não ajude as mulheres que passam por mim na rua, as mães, as filhas, as irmãs, as namoradas, as avós. Mas ajudo alguém. Com um click do rato. Algures no mundo uma mulher tem acesso a uma mamografia, detecta um cancro a tempo, previne o aparecimento do tumor, porque eu me dei ao trabalho de seguir um link e clicar o botão do rato.

Parece conversa fiada, banha de cobra, conto da carochinha. Como é que um click pode salvar alguém? Bem, se tiverem curiosidade sigam o link e vejam por vocês mesmos como eu vi. E mesmo que não acreditem, que sejam desconfiados, o que é que perdem? cinco segundos do vosso tempo. A vida de uma pessoa vale cinco segundos do vosso tempo? Do meu vale de certeza.

Só em Portugal morrem por ano mais de 1500 mulheres com cancro da mama. As estatísticas dizem que é uma doença que afecta uma em cada dez mulheres. Todos nós conhecemos bem mais de dez mulheres. Segundo as mesmas estatísticas uma dessas mulheres terá, a algum ponto da sua vida, cancro da mama. Se tiver sorte, se for detectado a tempo há tratamentos. Dispendiosos, dolorosos, não só física como psicologicamente, mas existe salvação. O que é preciso é prevenir a tempo. Auto-apalpação mamária depois de cada periodo menstrual, check ups regulares, mamografias.

E um click algures para dar oportunidade a uma mulher de ter acesso a um exame que lhe pode salvar a vida. Já faz parte da minha rotina diária. Fará da sua?
(Couch)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

E o missionário ainda é vivo?

A pedido de várias familias, que ontem me deram um sermão valente por ter deixado a Morcela desactualizada durante tanto tempo, e no espirito de cuchounice que caracteriza a Associação Recreativa e a sua filial, O Gang do Cálice Sagrado, cá estou eu então para atender aos vossos desejos. Pediram-me que lançasse um pequeno debate sobre o Kama Sutra. Cá vai ele.

Em tudo o que é hipermercado, livraria e revista se vê agora kamasutras para todos os gostos e carteiras. A palavra de ordem é inovar, sair da rotina, apimentar a vida sexual. Pelo caminho as mulheres deste país deslocam partes do corpo que nem sabiam que tinham, na tentativa de provarem a elas e aos maridos que continuam jovens, imaginativas e sexys.

Eu sou jovem, meus amigos, e imaginativa (e já agora sexy, caramba! - tenho os meus momentos) mas há coisas que simplesmente não podem nem devem ser experimentadas a menos que se tenha o corpo feito de borracha ou articulações a mais. E outras... bem, há algumas posições que já me passaram pelos olhos em ilustrações muito explicitas, que são tudo menos sexy. Quer seja pela estranheza das enroladelas de pernas e braços, quer seja pelas lesões que a sua mera tentativa possa provocar, há que estabelecer limites. Porque ninguém quer acabar a noite no hospital a ter de explicar a três médicos diferentes no que consiste o Acórdeão Erótico (de longe a minha preferida na lista das menos sexys posições de sempre) ou porque é que o Manel ou o Jaquim ou o António distendeu um músculo no pénis enquanto girava feito louco por cima da parceira a tentar perceber onde está a parte boa da muito sugestiva Hélice do Amor (se é que conseguem visualizar a coisa... a mim continua a parecer fisicamente impossivel... acho que só experiemtando para comprovar).

Outro problema é o arruinar do clima. Porque não me digam que no auge da coisa, quando o sangue ferve e está tudo pronto a ir em frente, o que apetece mesmo é sacar do livrinho e perder sei lá quanto tempo a tentar decifrar por onde passa o braço, para que lado se curva a perna e mais um bom quarto de hora a tentar encaixar na posição certa antes de se lançarem em movimentos desenfreados em direcção a uma dor de costas - na melhor das hipóteses.
Não pensem que sou contra a alteração da rotina, porque não sou. Sou toda a favor de experimentar desde que isso não ponha em risco a minha integridade fisica - como uma outra posição, cujo nome me escapa agora, em que o homem fica de pé e a mulher quase de pernas para o ar, agarrada pelas ancas e só com o pescoço apoiado no chão. Eu não quero saber o quão forte é o homem... só o pescoço no chão e um par de mãos a impedir-me de o partir - para mais quando é certo e sabido que a qualquer altura a força do homem pode fraquejar por estar mais concentrado noutras coisas que em impedir a companheira de se magoar a sério - não me parece a melhor maneira de alcançar o tão desejado OH!

Daí que ontem tenha surgido a pergunta: Que é feito do bom e velho missionário?

Quero a vossa opinião: vale a pena arriscar o pescoço por um bom orgasmo? Ou mais vale deixar as acrobacias para os homenzinhos do circo? Qual é a vossa posição preferida, aquela que vos deixa mais satisfeitos/as? Algumas das ue podem ver mais abaixo - fruto de uma mente ainda mais perversa e imaginativa que a minha?

(couch)