Hoje deu-me para filósofa. Há dias assim com toda a gente, creio. Não, não me pus a questionar o sentido da vida e o que fazemos aqui, de onde viemos e para onde vamos. Questionei antes a racionalidade e o que acarreta. Estamos tão acostumados a viver como vivemos, em sociedades mais ou menos organizados, cidades, países, linguas distintas... vidas organizadas em redor de uma rotina estabelecida... nascer, crescer, estudar, trabalhar, procriar, morrer. Encaramos com tal naturalidade o facto de sermos animais pensantes que damos enfase ao pensamento e esquecemos a parte de sermos animais. Quando algum comportamento escapa aos dogmas que impomos a nós mesmos, à nossa pirâmide de valores condicionados pela sociedade e pela convivência em grupo, automaticamente classificamos esses comportamentos de animalescos, de errados, de maus.
Não venho aqui fazer a apologia do crime. Sou uma pessoa pacifica e agradeço à racionalidade a pacificidade que me incutiu. Mas quando falamos de animais não os classificamos de bons ou maus por matarem pelo seu território, por uma femea, para proteger o clã. Com os humanos... nada é desculpa para um comportamento passional, emotivo. A irracionalidade é tudo menos inaceitável. E esquecemo-nos que também nós somos animais. Racionais, sim. Com capacidade para distinguir o bem do mal, sim. Mas ainda assim animais. E saímos da floresta há muito pouco tempo se tivermos em conta a idade do mundo. É natural que mantenhamos uma parte de nós mais selvagem. Afinal se formos ver bem as coisas... não passamos de macacos pelados... com roupas mais giras.
Mas não é só para o mal, para a violência que tentamos renegar os instintos em prol da racionalidade. A ciência trouxe-nos novos conhecimentos, novas soluções para vários problemas, uma maior compreensão do mundo. Mas ajudou-nos a esquecer o conhecimento mais antigo, primário, instintivo. Antes do homem viver em cidades, em prédios de sessenta andares e usar gravata já este vivia em colectividades, escolhia parceiros, demonstrava afectos e reproduzia-se. No entanto com o tempo... e não quero dizer apenas a passagem da pré-história para os tempos modernos, seria um salto demasiado grande para analisar, com o tempo também a racionalidade tomou conta de áreas que inicialmente obedeciam a instintos.
Não presumo saber o que originou a alteração, a tomada de consciência, a passagem do animal embrutecido para o ser capaz de amor ou ódio, mas até esses sentimentos, que já eram dados adquiridos, se foram esbatendo com o tempo. Mais uma vez, lembro que não vivo de ilusões de contos de fadas, mas a verdade é que quanto mais facilidades temos na vida mais dificil é contruir algo com alguém. Começámos a envergonhar-nos do que sentimos, a achar que amar é algo que se deve esconder. As emoções tornam-nos vulneráveis, a vulnerabilidade apresenta-se perante os outros com a máscara da fraqueza. E ninguém quer parecer fraco. No mundo que criámos só se safa quem tem tomates. E a sensibilidade parece incompativel com essa dureza.
O estranho é que é precisamente o contrário. É preciso ser-se muito forte para se mostrar a alguém sem a máscara que usamos todos os dias. É preciso ser-se muito forte para se expôr à frente de alguém o que vai no nosso intimo. Não sei se algum dia terei essa força, ou se serei mais uma entre muitos que tem medo de amar, medo de se entregar, medo de parecer patética, ridicula, medo de vir a sofrer. Mas como disse alguém muito sábio um dia "ter medo do amor é ter medo da vida, e ter medo da vida é ter 3/4 de si morto".
Isto tudo para chegar à ideia que me ocorreu hoje. O peso da racionalidade. Impõem-nos padrões de comportamentos, impõem-nos limites, impõe-nos modos de vida. Esquecemos o básico, já não nos guiamos pelos instintos. Já niguém pára e escuta o que uma vozinha dentro de si lhes diz para fazer, antes pensam, calculam, pesam os prós e os contras. E quando as coisas correm mal, simplesmente desistem. Talvez se parassemos de pensar nos "ses" e agissemos com o que nos diz o nosso grilo falante pessoal as coisas fossem mais simples...
Tão racionais e no entanto vejam o estado do mundo... Cada vez mais caótico... Um pouco paradoxal, não acham?
Não venho aqui fazer a apologia do crime. Sou uma pessoa pacifica e agradeço à racionalidade a pacificidade que me incutiu. Mas quando falamos de animais não os classificamos de bons ou maus por matarem pelo seu território, por uma femea, para proteger o clã. Com os humanos... nada é desculpa para um comportamento passional, emotivo. A irracionalidade é tudo menos inaceitável. E esquecemo-nos que também nós somos animais. Racionais, sim. Com capacidade para distinguir o bem do mal, sim. Mas ainda assim animais. E saímos da floresta há muito pouco tempo se tivermos em conta a idade do mundo. É natural que mantenhamos uma parte de nós mais selvagem. Afinal se formos ver bem as coisas... não passamos de macacos pelados... com roupas mais giras.
Mas não é só para o mal, para a violência que tentamos renegar os instintos em prol da racionalidade. A ciência trouxe-nos novos conhecimentos, novas soluções para vários problemas, uma maior compreensão do mundo. Mas ajudou-nos a esquecer o conhecimento mais antigo, primário, instintivo. Antes do homem viver em cidades, em prédios de sessenta andares e usar gravata já este vivia em colectividades, escolhia parceiros, demonstrava afectos e reproduzia-se. No entanto com o tempo... e não quero dizer apenas a passagem da pré-história para os tempos modernos, seria um salto demasiado grande para analisar, com o tempo também a racionalidade tomou conta de áreas que inicialmente obedeciam a instintos.
Não presumo saber o que originou a alteração, a tomada de consciência, a passagem do animal embrutecido para o ser capaz de amor ou ódio, mas até esses sentimentos, que já eram dados adquiridos, se foram esbatendo com o tempo. Mais uma vez, lembro que não vivo de ilusões de contos de fadas, mas a verdade é que quanto mais facilidades temos na vida mais dificil é contruir algo com alguém. Começámos a envergonhar-nos do que sentimos, a achar que amar é algo que se deve esconder. As emoções tornam-nos vulneráveis, a vulnerabilidade apresenta-se perante os outros com a máscara da fraqueza. E ninguém quer parecer fraco. No mundo que criámos só se safa quem tem tomates. E a sensibilidade parece incompativel com essa dureza.
O estranho é que é precisamente o contrário. É preciso ser-se muito forte para se mostrar a alguém sem a máscara que usamos todos os dias. É preciso ser-se muito forte para se expôr à frente de alguém o que vai no nosso intimo. Não sei se algum dia terei essa força, ou se serei mais uma entre muitos que tem medo de amar, medo de se entregar, medo de parecer patética, ridicula, medo de vir a sofrer. Mas como disse alguém muito sábio um dia "ter medo do amor é ter medo da vida, e ter medo da vida é ter 3/4 de si morto".
Isto tudo para chegar à ideia que me ocorreu hoje. O peso da racionalidade. Impõem-nos padrões de comportamentos, impõem-nos limites, impõe-nos modos de vida. Esquecemos o básico, já não nos guiamos pelos instintos. Já niguém pára e escuta o que uma vozinha dentro de si lhes diz para fazer, antes pensam, calculam, pesam os prós e os contras. E quando as coisas correm mal, simplesmente desistem. Talvez se parassemos de pensar nos "ses" e agissemos com o que nos diz o nosso grilo falante pessoal as coisas fossem mais simples...
Tão racionais e no entanto vejam o estado do mundo... Cada vez mais caótico... Um pouco paradoxal, não acham?
(couch)
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