Isto ia sair comentário mas quando dei por mim tinha-me estendido e achei que o assunto escondido não tinha piada nenhuma. Em resposta ao teu "Porquê estudar?", isto é o que penso do assunto:
O problema nem é estudar. O poblema é ter de estudar tudo ao mesmo tempo. Porque se nos dessem tempo para estudar cada cadeira a seu tempo isto demorava mais mas corria melhor... Uma pessoa ia estudando aos poucos, saindo de vez em quando sem o peso da responsabilidade nos ombros e uma vozinha na cabeça a dizer "porque raio é que te estás aqui a divertir? vai já enfiar-te em casa a estudar", os momentos no café deixavam de ser um enche-o-corpo-de-cafeina-para-nao-adormecer-e-toca-a-saltar-de-sebenta-em-sebenta, a vida era mais alegre... principalmente a minha.
Mas a sabedoria dos que organizam calendários escolares fê-los crer que giro, giro, era a malta acabar as aulas numa sexta e começar as frequências na segunda. Não seria mal pensado, não senhora, se se tivessem lembrado de abolir trabalhos e diminuir a carga horária. Mas agora há um bichinho entre nós chamado Bolonha que nos faz ser mais independentes e autónomos dos professores - o que na prática significa sistemas de avaliação contínua com testes todas as semanas, trabalhos práticos (um por cadeira, se tivermos sorte), horários que são um absurdo e que nos fazem levantar às seis da manhã para nos enfiarmos nos caóticos transportes públicos e chegar a casa à hora do jantar (geralmente, quanto mais cedo nos levantamos mais tarde chegamos a casa - há aqui qualquer coisa de muito errado e desporporcional), e mais um sem número de coisas para fazer.
Sei que não sou detentora do monopólio do trabalho esforçado, sou honesta comigo mesma o suficiente para admitir que não me esforço tanto quanto devia e que por vezes o apelo de um cineminha ou de um copo no bar da esquina é forte demais para repelir. Mas a verdade é que com ou sem estas pausas ocasionais, o trabalho é tanto que só mesmo na sexta à noite do dia em que fnalmente acabam as aulas ou no sábado é que dá para começar a estudar. Ora toda a gente sabe que dois dias de estudo têm apenas dois resultados: ou uma nota muito aquém da esperada ou desejada; ou o recurso aos ditos auxiliares de memória que nem sempre são possíveis de utilizar.
Muito siceramente isto tem de ser revisto. ou alargam o prazo de estudo e nos deixam ter uma semana entre cada frequência (o tempo minimo aceitavel para se estudar e ter uma nota decente - a menos, é claro, que se tenha uma daquelas memórias prodigiosas, o que, infelizmente, não é o meu caso) ou então contenham lá a vossa febre pelos trabalhos porque um semestre, ao contrário do que o nome indica, na prática são só três meses e não dá para em tão pouco tempo fazer dez ou doze trabalhos diferentes de qualidade, ter testes atrás de testes e ainda estudar para duas semanas intensivas de frequências.
Às vezes ponho-me a pensar se uma amiga minha não terá razão e não será de propósito. Se tivessemos mais tempo teriamos melhores notas, acabavam-se os exames, os recursos, as épocas especiais e o dinheirinho que a escola mete ao bolso cada vez que um aluno chumba a uma cadeira.
Como as coisas são como são torna-se frequente que acabe as noites mais ou menos como o amigo Garfield lá em cima.
(couch)
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