quarta-feira, 9 de maio de 2007

A Dama de Branco






È complicado descrever esta senhora… não porque ela não tenha muito por onde se pegue, porque o problema é ter tanta coisa para falar que uma pessoa nem sabe por onde começar.
Confesso que sempre fui mais “virada” para a direita… Mas nos últimos meses dei por mim a defender com unhas e dentes ideais de esquerda. O mais estranho e engraçado é que nem são propriamente ideais de esquerda portugueses (sim porque a nossa santa esquerda portuguesa…).
Confesso que o que me chamou primeiro á atenção foi o facto dela ser mulher. Não sei em que mundo andava que não vi nas notícias nada sobre as eleições presidenciais. E tal não foi o meu espanto quando vejo na TV que havia uma mulher candidata á presidência.
Outro impacto muito grande foi como a vi na TV pela primeira vez… foi numa visita a Portugal (ao Porto) onde estavam reunidos os líderes dos partidos socialistas europeus. Parecia uma autêntica estrela… câmaras por todo o lado a tentar recolher uma imagem dela. Como disseram na TV na altura “ A sua entrada foi motivo de todos os atropelos”. Fiquei intrigada sobre aquela figura que tanto mediatismo suscitava. Fui á Internet (abençoada seja) buscar informações sobre ela. Foi apenas o começo, porque a partir desse momento nunca mais deixei de seguir todas as informações sobre ela. Por isso dizia recentemente que ela era já como alguém da minha família, tal não era a quantidade de vezes que, através do computador e da TV, me “entrava pela casa adentro. Assim como uma espécie de Tia… a Tia Sego!
O tempo passa muito rápido… parece que foi ontem e já lá vão uns quantos meses (não me recordo bem ao certo quantos, mas certamente mais de 4).
Foi seguindo toda a sua campanha eleitoral, vibrando e alimentando o sonho de ela puder vir a ser Presidente de França. A primeira volta a 22 de Abril continuou a alimentar essa esperança. Mas o dia 6 de Maio ficará para sempre na minha memória como o dia que “arruinou” essa esperança.
De todo este tempo ficam as recordações de como ela se bateu contra todos os ataques vindos dos seus adversários e também de membros do seu partido que nunca ultrapassaram o facto de ser uma mulher. Machismo, diria eu. Mas mesmo assim ela continuou, ainda com mais força e com um enorme apoio popular que nunca a abandonou, nem mesmo no momento da derrota.
Como recordação fica o sorriso com que enfrentou todas as dificuldades. Fica também o gesto característico dela de abrir os braços em sinal de agradecimento e que dava um ar de que queria abraçar toda a França… um abraço protector e maternal.
Como recordação fica cada um dos seus meetings e os discursos que neles tinha. Cada palavra que lhe saia directamente do coração.
Como recordação fica o grito “Ségolène Presidente” que manteve acesa a esperança até ao último minuto. Um grito que emocionava, e mais ainda quando se olhava para a sua cara de orgulho, emoção e felicidade nesses momentos.
Na memória fica a enorme onde de apoio que se levantou, que levava milhares e milhares de pessoas ao seu encontro. Pessoas que confiavam nela, que a viam como a única possibilidade para “elevar” a França.
Como recordação ficam os nervos quando alguém a critica e a tratava de uma maneira injusta.
Como recordação fica tudo isto e muito mais.
Para recordação fica: Ségolène Royal.
Apesar de ela ter perdido, não sinto minimamente que me tenha decepcionado ou desiludido, pois sei que deu o seu melhor. Desiludida e decepcionada deixam-me as pessoas que não confiaram nela. Mas quando a isso já não podemos fazer nada.
Como compromisso de futuro ficou a promessa de seguir a lutar ao lado das pessoas que sempre a apoiaram. Como disse no discurso após os resultados da segunda volta, “algo foi criado, algo forte, que não vai acabar por aqui, porque vamos seguir juntos para vencermos batalhas futuras”. Assim o esperamos e estamos prontos. Perdeu-se uma batalha mas não se perdeu a guerra.


A ti Ségolène, um muito obrigado por me fazeres acreditar que era possível e que a política pode ser bela.

Merci Ségolène

(Ona)

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